terça-feira, 22 de novembro de 2011

Boca no trombone

Nilton desabafa toda a sua indignação e que é a mesma de todos os salesopolenses sérios.

O casal salesopolense Nilton e Suely Roland colocou literalmente a boca no trombone no lado externo da Câmara Municipal de Salesópolis, em tribuna livre na rua, na noite do dia 21 de novembro, durante a sessão - já que dentro foram amordaçados. Antes, porém, fizeram manifestação silenciosa no prédio (durante a leitura da Ata da Sessão anterior), através de cartazes, solicitando a cassação da vereadora surpreendida em flagrante delito – uma vez que é ré confessa.



Os vereadores Tião Boy (na condição de voto minerva), Paulo Banespa, Ratinho, Angelino, Pedrinho Fonseca e Guina, inviabilizaram a cassação da vereadora Deise. Mostraram, com isso, sua própria personalidade numa postura certamente inadequada aos anseios populares. O que já era de se esperar de alguns deles, mas não dessa grande maioria – principalmente de Guina e Pedrinho.

Se pelo menos os dois tivessem apoiado a reivindicação popular, não haveria maioria na votação a favor dela e o povo teria a resposta que se esperava deles. Perderam a chance de serem aplaudidos em pé e reconhecidos como seus verdadeiros representantes e não vaiados como foram. Isso nos mostra claramente um tendência...

Está provado com isso que o povo não tem maioria na Câmara, o que significa que não temos representação verdadeira. Apenas representantes legais que atendem provavelmente a outros interesses, não aos da comunidade que os colocou lá e que agora se vê ignorada nas suas manifestações legítimas. De onde surgiu esse direcionamento e o que os leva a isso? É a pergunta que todos devem, ou pelo deveria, estar fazendo.

Avaliando as possibilidades, um eventual empate seria depois decidido com o voto minerva do Presidente da Casa e todos podem deduzir com facilidade qual seria o desfecho. Pela lógica a vereadora estaria realmente blindada, mas pelo menos não seria tão fácil como foi e o responsável pelo desempate teria nas mãos uma batata quente. Agir com bom-senso ou enfrentar sozinho a fúria popular.

Se Guina e Pedrinho fizessem a conta básica de matemática, saberiam que isso ocorreria e que mesmo o voto isolado de um deles não afetaria o desfecho. Por que, então, blindaram o suposto carrasco? Quem os convenceu e com que argumento? Por simples solidariedade é que não deveria ser. Politicamente foi um tiro n’água. Que outros motivos os levariam a ir contra uma atitude considerada de bom-senso para si próprios e para a comunidade, se seus votos realmente não fariam diferença no resultado final? É um caso para se pensar...

Segundo informações extra oficiais, a vereadora teria alegado problemas de saúde para não comparecer à sessão. Seria interessante saber se há atestado e que médico teria liberado esse documento, pois todos sabem que o problema dela é outro... Mas, enfim, pode ser que sua ausência seja simplesmente computada. E depois, obviamente, descontado no subsídio da vereadora. Vamos esperar para ver, antes de julgar...

Na próxima sessão provavelmente não comparecerá também - estaria providenciando atestado para o povo pagar pela sua ausência e comodidade? Ou simplesmente teria a nobreza de caráter de assumir o prejuízo pessoal por não poder se apresentar em razão dos fatos e da vergonha de aparecer em público e enfrentar as manifestações?

Depois disso deverá começar o recesso parlamentar. Ponto para os vereadores que não terão que se explicar na tribuna e principalmente para ela que poderá se esconder tranquilamente sem mostrar a cara ao povo, sem se estressar, sem ter que enfrentar a realidade desmascarada. Talvez seja hora do povo sair às ruas mascarado também para se esconder da pouca vergonha que a mídia mostra em nossa cidade. Bem que poderíamos ter ficado sem essa...

Desta vez, porém, os vereadores mostraram a que vieram. Uma atitude dessas me leva a refletir sobre que interesses levariam nossos representantes a enfrentar o povo numa situação como essa, sem sequer questionar entre seus pares na tribuna, sem avaliar e discutir a questão com bom-senso, sem considerar aquilo que segmentos da comunidade estão pensando e reivindicando, sem fazer prevalecer a sua própria personalidade (ou será que fizeram?) e a dignidade de caráter - ou será que eles não o têm?

A conclusão a que chego são duas possíveis: eles não têm a mínima noção do que seja ser um representante legislativo ou então só pensam em si próprios, nos seus interesses pessoais e de seus familiares, aceitando talvez algum tipo de acordo que possa trazer-lhes vantagens mesmo que à custa do prejuízo popular. Somente isso daria sentido ao que fizeram.

Não é possível que sejam tão inocentes e sem imaginação (para não dizer outra coisa) para não compreender a gravidade da situação e desconhecer a melhor maneira de conduzir um debate sadio e necessário para se chegar a uma conclusão coerente, justificável e aceitável. Por que ficam calados, por que não debatem, por que não defendem seu ponto de vista na tribuna, por que não fazem as perguntas necessárias em busca de respostas, por que não respondem às perguntas feitas pelos questionadores de plantão? Seriam apenas marionetes a serviço de interesses contrários aos da comunidade?

Não vejo outra explicação plausível, algo parece estar realmente muito errado em nossa Câmara Municipal e é preciso uma manifestação popular mais forte para mudar esse estado de coisas em nossa cidade. Ou, então, é melhor nem ter mais Câmara. Para quê, apenas para nos dar despesas? Melhor seria, então, VOTAR NULO para vereador também. Seria uma maneira de o povo dizer ao TRE: não precisamos de representantes nulos na Câmara, vamos economizar essa despesa e cobrar diretamente do prefeito por suas atitudes. Aliás, está na hora do povo aprender a fazer isso de forma constante e não apenas em alguns casos específicos. Porque, pelo visto, se dependesse do nosso Legislativo estaríamos realmente roubados. Com o dinheiro dos nossos impostos indo diretamente para o ralo...

A alegação dos defensores pela não aprovação da cassação de que haveria interesses políticos através de movimentos de oposição por trás desta reivindicação popular, não se sustenta. Quais foram, afinal de contas, as justificativas? Claro que movimentos de oposição sempre vão existir e é natural e bom que possa ser assim para haver equilíbrio - o voto contra do Ney é exemplo disso, mas não tira o mérito do seu posicionamento.

Talvez tenha sido cômodo para ele na votação e bom para o seu candidato a prefeito – seja ele qual for, por vir de encontro ao interesse político-partidário do seu grupo. Mas quem lhe deu a chance de dar a palmatória na mão do outro foi quem fez a coisa errada e quem a endossa agora. Claro que há interessados em que ela seja afastada do Legislativo por motivos políticos também. Se ela saísse, assumiria o Serginho e isso talvez facilitasse a aprovação de pendências na Câmara que o Rafael talvez precise para realmente viabilizar a sua candidatura.

Mas, e daí que isso acontecesse? O povo sabe disso, os formadores de opinião não estão alheios a esses fatos e ninguém está sendo enganado, pois a mídia poderia mostrar tudo isso depois e gerar outros questionamentos no momento oportuno. O que ocorre é que se corre o bicho pega, se fica o bicho come. Há momentos em que temos que decidir e as escolhas são prerrogativas de quem tem inteligência para discernir principalmente sobre o que é certo ou errado e o que é prioridade ou não. O foco agora era punir uma falta grave, a avaliação de outras faltas ou coisas mal direcionadas e iniciativas sobre o que e como fazer poderia vir depois. A verdade é que os vereadores que aprovaram a não cassação perderam o foco e pisaram na bola... E pisaram feio!

Se o povo tivesse boa memória e aprendesse a votar, na próxima eleição teria uma ótima oportunidade de limpar a Casa. O povo, entretanto, não sabe como fazer isso e provavelmente nem se interessa em aprender. Os candidatos também não ajudam nem um pouco nisso – com que interesse se voltariam para isso se não lhes traria vantagem alguma?

O recado que os vereadores nos deram, negando a cassação dela, foi que a Deise está certa, que ela teria mais é que fazer isso mesmo e que eles também fariam o mesmo se pudessem, se quisessem, se tivessem oportunidade... Prevaleceu o corporativismo - uma mão lavando a outra e as duas lavando a cara de pau. Sim, pois com que cara eles vão agora enfrentar a comunidade? Acabou tudo em pizza! Ou será que não acabou ainda? Só se fizer um panelaço, do contrário o povo não vai acordar... Nem eles vão voltar atrás, pois se julgam imunes a tudo.

Pelo jeito tudo vai mesmo acabar em pizza! Prevaleceu, como já era de se esperar, o corporativismo! A vereadora não sai. Talvez, com isso, saiam todos eles... Vai começar, agora, o panelaço! Ou não? O povo é quem decide... Senão agora, pelo menos nas urnas no ano que vem!

Um comentário:

  1. Essa é a postura do cidadão que se sente traído, revoltado, ignorado pelos representantes do povo, é a postura de se fazer ouvir e tentar incansávelmente atingir a consciência daqueles que deveriam estar trabalhando para o povo e não contra ele....

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