sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Prevaleceu o corporativismo na Câmara

Câmara Municipal de Salesópolis em 21/11/2011 - Manifestantes reforçaram o pedido de cassação da vereadora oficializado por uma munícipe, mas seus pares optaram pelo corporativismo protegendo a colega.

Cinco vereadores: Paulo Banespa/PSDB, Ratinho/PSD, Angelino/PSD, Pedrinho Fonseca/PSD, Guina/PT, aprovaram com urgência impressionante, sob a batuta do Presidente da Câmara Tião Boy/PSDB, a não aprovação da cassação da vereadora Deise e a não formação de uma Comissão de Inquérito para apuração dos fatos e de uma possível responsabilidade do prefeito Adilson Bolinha/PSDB na liberação dos carros.

Entendendo o que ocorreu na Câmara:

Como líder do prefeito na Câmara, Tião Boy fez o seu papel, defendeu com unhas e dentes o Prefeito do seu partido e a vereadora (Deise/PSD) do partido do vice-prefeito. Paulo Banespa é filiado também no partido do prefeito. Ambos teriam motivos, obviamente, para neutralizar a Oposição e abafar o caso, abortando imediatamente a investigação que visaria apurar as responsabilidades – tanto da vereadora quanto do prefeito e principalmente deste.

Ratinho, Angelino e Pedrinho migraram recentemente para o partido do vice-prefeito. Antes eram, respectivamente, do PR (Angelino), PTB (Ratinho) e PMDB (Pedrinho). Pedrinho vem do grupo do Feital (Marcelo Duque, Deise e Cia) que agora apóia o vice-prefeito e por conseqüência faria parte, também, do grupo de apoio ao prefeito – já que eles estão, aparentemente, todos juntos. Na eleição passada Angelino apoiou Rafael, Ratinho apoiou Jacaré. Todos eles alinhados agora, pelo visto, com Adilson (prefeito) e Gilberto (vice-prefeito).

O posicionamento do Guina/PT deixou a desejar. Seu voto era vencido, não faria diferença no resultado final, uma vez que a Situação precisava apenas de quatro votos; sequer precisaria do voto-minerva do Presidente - a menos, é claro, que o Pedrinho resolvesse alinhar-se de acordo com a ética e o bom-senso e esquecesse, em momento tão delicado, os acordos partidários incoerentes com a vontade popular. Era o mínimo que seus eleitores esperavam dele - com certeza estão todos decepcionados agora.

Por que não subiu na Tribuna e levantou a questão como um verdadeiro representante do povo? Isso vale para todos, inclusive para Angelinho e Ratinho que sequer se elegeram com o prefeito e o grupo ao qual defendem agora. Por que Pedrinho não agiu independente de seus colegas partidários - pois supõe-se que cada vereador tenha sua própria personalidade, em vez de se comportar como simples marionete? Por que optou por ser como os demais que se perpetuam na Câmara sempre calados como se o povo não tivesse voz? O marinheiro de primeira viagem perdeu a oportunidade de mostrar a que veio em vez de anular seu caráter e transformar-se em "persona non grata" - aparentemente por nada.

Será que é tão inocente assim para não perceber o quanto pode estar sendo manipulado pelas chamadas "forças ocultas" nomeadas por Jânio Quadros? Ou essas forças locais não seriam tão ocultas assim? Que motivos justificariam enfrentar o povo de cara limpa e poder dizer: "...sei o que estou fazendo e tomo essa decisão com a consciência tranquila! Sou grato aos meus eleitores por poder representar dignamente os anseios populares e defender com justiça o interesses da maioria e não apenas de algum grupo privilegiado."

Pedrinho, portanto, livrou Boy da responsabilidade de um eventual desempate. Quanto ao Guina, ninguém entende por que não se alinhou aos outros dois vereadores (Ney/PR e Vanderlon/PTB), optando pelo apoio suplementar e aparentemente gratuito à Situação.

Ney é do partido do Rafael e Vanderlon provavelmente vai apoiar Rafael também ou o Nêgo. Compreensível, portanto, alinhar-se como Oposição. Estaria Guina assumindo compromisso com o Adilson ou seu vice para a próxima eleição? É o que parece... Mas, num caso delicado como esse, não seria cedo ainda para esse alinhamento? Seria uma estratégia política? Que argumentos o convenceram? Precisamos de mais elementos para compreender melhor tudo isso e chegar ao entendimento.

Realmente não dá para ver coerência no posicionamento do Guina, senão através de acordos. Mas que tipo de acordo poderia atraí-lo e convencê-lo? Estaria seu partido alinhado ou sua decisão é independente? Quais são suas pretensões e a de seu partido na próxima eleição? O povo precisa entender isso também para refletir sobre a melhor forma de votar.

Esse é o perigo de se votar em candidatos a vereador pelo mesmo partido ou coligação do candidato a prefeito que se escolhe na eleição ou em candidatos sem idealismo, infiéis ao Partido de origem, sem compromisso com o Estatuto Partidário ou com o eleitorado. Depois de eleitos acabam formando um grupo fechado - geralmente por interesses pessoais - e o povo fica sem a parte fiscalizadora do Legislativo em relação ao Executivo.

Entretanto, independente de posições partidárias, nada justifica a não formação de uma Comissão de Inquérito para apuração dos fatos. Até porque quem não deve não teme e quem teme faz de tudo para não ter que se explicar ou justificar seus atos.

Daí a necessidade da Câmara ser de preferência Oposição. Difícil, entretanto, é o Povo compreender como se faz isso. Prefeito que alega precisar de maioria na Câmara para aprovar seus projetos e contas, é porque geralmente não se alinha com as necessidades reais da comunidade nem administra com transparência e isenção. Daí a necessidade de se blindar, através do Legislativo, contra os questionamentos populares. Tendo maioria na Câmara ele pode fazer o que bem entender que ela vai endossar e o povo terá que aceitar pois escolheu-os para seus representantes legítimos. O prefeito estará, neste caso, com a faca e o queijo na mão. E o Povo sem gato para vigiar os possíveis ratos.

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